quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Religião:

O termo permite duas etimologias diferentes, uma aproxima-se mais do termo do que chamamos realmente de “religião” e a outra denota antes a dimensão de “religiosidade”.

Etimologia: Religio – Religião vem de re+ ligare que significa “significa” religação do ser humano com Deus.

“Com este vinculo de piedade estamos unidos e religados a Deus”, de onde a própria religião recebe o nome e não como Cícero interpreta isto é re-lendo “Aqui aparece mais dimensão religiosa do ser humanos que se liga com Deus. Cícero aponta outra versão interpretativa, com Lactânicos mencionou. Religião em re+legere para indicar uma cuidadosa veneração dos deuses”. Nesse caso considera-se a dimensão objetiva institucional da religião que seleciona ritos, cultos. “Aqueles que tudo que pertencia dos deuses consideravam cuidadosamente e como re-liam (tudo isso) são chamados religiosos, de re-ler, como os elegantes de e-le(ge)r os que amam de escolher os inteligentes de” “ler dentro” ( o entendido) em todos esses verbos esta a força de “ler” aparece no termo religioso.

Versão de Tomas de Aquino (e assim a religião parece vir de re-ligando o que pertence ao culto divino)

A religião indica o caminha da razão da experiência para ligar-se com o divino. Institui um sistema de ritos, praticam, doutrinas, constituições, organizações, tradições, motos, artes que possibilitam essa religião com o mundo divino.

Configura um sistema de representação de orientação de normatividade. Traduz uma realidade objetiva, uma tradição acumulada e vívida por uma comunidade. Mostra o lado visível da relação com o sagrado.

D Herviu Legar aponta dois traços fundamentas da religião: tradição e comunidade. A religião e, pois, um dispositivo ideológico, pratico e simbólico pela qual se constitui, se alimente e se desenvolve o sentido individual e coletivo de pertença a uma linha particular de crença. Pois meio da tradição de crença estabelece a identificação que opera internamente no grupo extremamente distingui os outros. Para que se institua uma religião, torna-se essencial à inovação formal da continuidade de tradição.

O sentido base mínimo da religião vincula-se a experiência, expressões vinculadas à tradição e comunidade espiritual. Levada ao extremo não se precisa de fé, nem de nenhuma revelação, nem de nenhuma transcendência para pertencer a uma religião.

Religião é uma realização sócio-individual (em doutrina, costumes, freqüentemente ritos) de uma relação do homem com algo que o transcende e a seu mundo, ou que abrange todo mundo, que se desdobra dentro de uma tradição e de uma comunidade. E a realização de uma relação do homem com uma realidade verdadeira e suprema, seja ele compreenda da maneira que for.

Portanto o lado objetivo social da experiência religiosa leva-nos a falar de religião. O ser humano cria ou já encontra dentro de si comunidades que vivem uma forma religiosa herdada dos antepassados e estruturada socialmente. É a religião. Corresponde as exigências de objetividade, de sociabilidade, de historicidade do homo-religiosus.

Religiosidade:

Aproxima-se de um vago sentimento religioso de estar ligado a algo distinto de si mesmo vem ao encontro de aspiração confusa para estar em simpatia harmônica com toda a coisa. Revela um afã de penetrar todos os segredos. Traduz um desejo de comunicar-se com as forças sensíveis presentes e atuantes no universo. Casa+se com a inclina ao para o mistério. Prolonga uma afetividade sem objeto preciso, satisfaz-se com vagas e fusões, busca sensações e emoções que lhe dão a ilusão do amor universal. A religiosidade bate bem com a comunhão panteísta, sem precisar de doutrinas exatas. A religiosidade não se vincula necessariamente a uma religião e, quando o faz assume da religião os elementos que a satisfazem e não são tradição e comunidade.

Portanto, diante do mesmo fenômeno a inteligência se pergunta pela realidade que existe no ser humano que o faz religioso, produtor e consumidor de símbolos religiosos. É a face subjetiva, existencial, inerente ao ser humano. Fala-se então de religiosidade.

Fé:

É uma resposta a uma palavra relevada. Só se fala dela em religiões que apelam para uma revelação profética ou escrita. O ato de fé envolve todas as dimensões da existência humana: racional, volitivo-afetiva histórica, pratica, escatológico. Racional porque o ser humano busca inteligibilidade para o que crê. Afetiva por que ama o que crê. Histórica porque interpreta tal verdade para o momento cultural em que vive. Pratica porque implica obras, ações compromisso. Escatológica porque inicia já o que acontecerá em plenitude para além da morte.

O ato de fé é internamente muito complexo e implica uma multiplicidade de aspectos, em cuja analise deve ter-se diante dos olhos que eles constitui uma realidade viva e, portanto não é inteligível a não ser unidos entre si vitalmente. O ato de fé e o primeiro passo do ser humano em direção a justificação e a salvação. Toda a atividade sobrenatural do ser humano aqui na terra está condicionada pela fé, e determina a própria estrutura de transformação divinizante do homem a caminho”.

Portanto na experiência religiosa além da alteridade dos ritos das tradições, interfere o absoluto, Deus. Se a figura desse Absoluto se apresenta com alguém uma pessoa, que interpela o ouvinte a uma acolhida de sua mensagem com as exigências existenciais e práticas, falamos de fé.

Religião e Religiosidade:

No espaço social estão as religiões com seus ritos, mitos, doutrinas, mistérios, celebrações, reuniões, tradições. Elas existem porque pessoas concretas em comunidade e socialmente, as praticam. Respondem aos desejos, anseios, expectativas, esperanças e as angustias das pessoas. A religiosidade é a pergunta. A religião é a resposta.

Pois as religiões que não respondem a religiosidade, estão fadadas ao silêncio da morte. A religiosidade e uma dimensão antropológica, estrutural do ser humano.Por isso sempre haverá religiões com proposta a religiosidade.

A religiosidade das pessoas, embora estrutural, assume um colorido conjuntural das épocas e dos lugares.

Portanto a relação entre religião e religiosidade permite falar de duas faces complementares. A religião responde a religiosidade, a religiosidade pede e provoca religiões. Mas não há garantia de que as religiões concretas se harmonizem com a religiosidade de determinado momento cultural. Pois as religiões nascem e morrem a religiosidade estrutural permanece, modificando-se conjunturalmente. Até hoje não se pode provar que a religiosidade possa um dia desaparecer totalmente, como certas teorias da secularização pensaram. Os fatos desmentem tal hipótese.

Religião e fé:

A relação entre religião e fé. Há três olhares possíveis. Há fé olha a religião. A religião olha a fé. Um teólogo analista olha as duas. Cada olhar vê o problema de um modo diferente. Toca o aspecto da verdade, mas não há esgota.

A fé vê a religião. Duas teologias diferentes oferecem respostas. Uma teologia tradicional distinguia entre religiões naturais e relevadas. Fora da relação bíblico-cristã não havia nenhuma revelação. Todas as religiões fora do âmbito dessa revelação são religiões naturais. A teologia moderna formula a relação diferente. Todo o ser humano pelo fato de ter sido criado pela trindade e chamado a uma comunhão com ela tem inscrito em si a palavra revelada, embora não tematizada. É sujeito de uma revelação transcendental.

Sabe que todas as realidades humanas participam da radical contradição do ser humano. Sabença e ignorância, graça e pecado, verdade e erro. Assim as formas religiosas, enquanto nasce de desejos e propostas humanos impuros, há elementos que não correspondem ao elemento da graça. Esses elementos não provocam verdadeiro ato de fé. São experiências religiosas ambíguas, não deixam, no entanto, de ter também algum elemento divino verdadeiro que se faz presente. Sob este aspecto todo a religião implica o mínimo de fé embora nem sempre explicitada como tal.

A religião vê a fé.Os fundadores e as tradições religiosas invocam, em geral, uma experiência fundante de caráter divino, diria sobrenatural. Os termos variam revelações, visões, aparições, recepção de mensagens do além, iluminação, inspiração divina, locução interior ou exterior. Todas essas expressões traduzem certa experiência considerada como de Deus e, portanto, merecedora de fé. E são comunicados aos seguidores como ensinamentos divinos que merece também acolhida de fé. Muitas religiões se vêem como instituições que merecem e exigem fé.

Há religiões que não apelam para origem divina, mas apresenta-se como sabedoria humana. Nesse caso, já não se trataria de fé, mas de reconhecimento da validez humana de certo caminho ascético, religioso ou místico conforme a religião.

O teólogo analista olha a religião e a fé. Tende a distinguir mais claramente religião e fé levando a distinção ao extremo, o que não acontece, a fé tenderia a ser à-religiosa e a religião ser idólatra. K. Barth, em sua forma radical reflete e posição da fé em oposição à religião. O católico supersticioso que vive de praticas religiosas, devoções quase materiais e físicas aos santos, estaria quase no pólo oposto, em que sobraria alguma fé no meio dessa montanha de ritos religiosos.

Portanto a religião traz a fé para a realidade humana. A tendência e iconoclasta da fé terminam por desprovesse de uma dimensão humana de traduzir em sinais extremos a sua interioridade. A fé sem ritos religiosos corre o risco de estiolar-se na pura intelectualidade ou no ato pontual de entrega sem corpo.

Religiosidade e fé:

A fé e religiosidade mantêm mutuas relações. A fé tem condições de interpretar a religiosidade à luz de uma Palavra de Deus e dar-lhe o verdadeiro sentido, evitando que ela se perca no torvelinho de expressões no momento atual. A religiosidade busca satisfazer-se com sinais religiosos. A fé lembra-lhe sua verdadeira natureza que é tender para Deus no qual encontra sua plenitude. Vale aqui a exclamação de Agostinho diante dos seus anseios interiores. No encalço de Deus: “Nosso coração vive inquieto, enquanto não repousa em vós”.

A religiosidade aproxima-se da estética, da beleza da natureza. A fé vincula-se

mais a ética. Interfere nos desejos de beleza de felicidade, de gozo, descobrindo aí a presença de Deus, mas também apontando suas ambigüidades. A religiosidade embarca facilmente em formas religiosas sedutoras. A fé tem luz mais forte para discernir os elementos teologias e a palha do engodo. A religiosidade pensa mais em si. A fé voltasse para o outro transcendente e o outro irmão. A partir do outro critica “si”.

A religiosidade adaptasse facilmente a realidade presente abelhando-lhe o néctar gostoso. A fé grita profeticamente contra o horror de uma realidade de justiça. A religiosidade gosta dos ambientes bonitos perfumados agradáveis. A fé sente o cheiro acre do pobre com anseios de libertação, a religiosidade pára no sujeito. A fé move-se pelo ímpeto questionador da palavra relevada.

Portanto a religiosidade amacia o caminho da fé. A apologética da imanência e o esforço hercúleo da teologia moderna européia consistiram, e consistem em formular a fé cristã de tal modo que ele condiga à religiosidade do homem e da mulher de hoje. A religiosidade revela a incomplitude e as carências humanas as quais a fé cristã traz um sentido e uma satisfação. À medida, pois, que a fé cristã souber falar a religiosidade humana, tanto mais ela será crível e significativa. Não se trata de capitulação ou de mero ajuste, mas de mostrar a profunda unidade entre a natureza humana criada por Deus a sua Palavra revelada como plenificante dessa natureza. A fé necessita ter sentido na experiência humana em sintonia com a dimensão de religiosidade.

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