terça-feira, 3 de agosto de 2010

Adolescência e identidade


Ampliando seus horizontes além dos limites da família, passa a ser extremamente importante para o adolescente pertencer a um grupo. Sua atitude e comportamento, em geral, refletem as crenças, os valores e as normas de seus iguais.

O adolescente, com mais intensidade do que pessoas em outras fases da vida, necessita ser aceito e reforçado pelo grupo social a que pertence, suprindo suas carências de segurança, participação e auto-estima.

Por outro lado, quando um membro se comporta segundo os ditames e as expectativas do grupo, a pressão interna desse grupo é muito forte. A posição de dissidência torna-se incômoda e instável.

Levado pelas afinidades e pela aceitação, o adolescente vai se enturmando, achando o seu espaço e desempenhando os papéis que lhe cabem. Cada grupo tem um tipo de influência que pode ser determinante na formação da identidade e um jovem. Nas trocas de informação, de apoio mútuo ou de reprovação, vai-se-lhe reforçando a referência de si, repercutindo em auto-imagem e auto-estima, positiva ou negativa.

A afirmação da identidade é vivida intensamente. O jovem sente-se crescido o bastante para dispensar a proteção da família, mas ainda não domina a nova esfera de atuação, o que em geral é motivo de insegurança. Em sua busca de afirmação, tenta encontrar novos ídolos com os quais possa se identificar, compondo seu ideal de adulto. Assim, o adolescente representa vários personagens, combinando diferentes modelos, até atingir os ídolos e ideais duradouros que darão sustentação à sua identidade amadurecida.

O que é a identidade? Há todo um conjunto de elementos biológicos, psicológicos e espirituais que caracterizam uma pessoa, distinguindo-a de outras, tais como a cor da pele, dos olhos, dos cabelos, estatura, massa corporal, atitudes, comportamentos, habilidades e talentos.

No entanto, os traços visíveis por si só não explicam a identidade. Ter uma identidade é mais amplo: é comportar-se como um homem ou como uma mulher, com seus próprios valores, desejos, sonhos e interesses. Viver conforme a sua ética, fazendo suas escolhas afetivas , sexuais e profissionais.

A natureza social da identidade de uma pessoa deve-se ao fato de ser construída segundo a visão que ela tenha de si mesma, à luz da impressão que percebe estar causando nos outros. Nesse processo, o sujeito é sensível às reações alheias, tanto em seus aspectos positivos, como admiração , afinidade de interesses, simpatia e atração sexual, quanto nos negativos, como rejeição e indiferença. Por isso, para alguns cientistas sociais a identidade é um fenômeno social e não natural.

A maneira de ser, de ver o mundo e de nele posicionar-se tem como referência os valores e costumes do meio. De tal forma, a identidade pessoal é impregnada pela cultura. Mas os diferentes grupos de convivência e a experiência dos papéis desempenhados ao longo da existência vão produzindo as modificações próprias do processo de amadurecimento. A construção da identidade é um permanente movimento. O ser humano é mutante e inacabado, como um rio que passa e nunca é o mesmo a cada vez que olhamos.


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