terça-feira, 3 de agosto de 2010

Cultura e sexualidade


A sexualidade, em suas várias manifestações tem sido fonte inesgotável de inspiração das artes e das letras, resultando nas mais belas obras que a humanidade tem produzido. Por meio da história da arte é possível acompanhar o significado do corpo, dos papéis sexuais e das relações amorosas, ao longo dos tempos e nas diferentes culturais.

Nos diversos contextos da vida social, as mutações que ocorrem nas formas de viver a condição de homem ou mulher influem na evolução de uma cultura, o que, por sua vez, repercute na redefinição das relações familiares, papéis sociais, estrutura de poder, costumes e hábitos de uma sociedade. O modo de encarar as questões da sexualidade constitui um traço cultural marcante, pois traz em si a concepção de mundo e de pessoa que orienta o pensamento dominante de uma determinada sociedade.

Desde a Antigüidade até o Renascimento, foram ignoradas as características próprias da infância, sendo as crianças consideradas pequenos adultos, enfrentando trabalho e preocupações como os demais membros da comunidade em que vivessem. A partir do século XVII, no bojo de movimentos de revalorização de cultural e religiosa, passou a ser exaltada a pureza infantil. As crianças, por não ter ainda seus órgãos sexuais amadurecidos, e pela ausência de atividade sexual, eram tidas como isentas de pecado. Relacionando a inocência à ignorância, instaurou-se a prática de preservar a inocência pela manutenção da ignorância. A educação primava por evitar os assuntos proibidos, valendo-se da desinformação e da repressão.

A conseqüência desse traço cultural tão antigo é a dificuldade de comunicação sobre o tema, que até hoje persiste entre as gerações, mesmo com as mudanças ocorridas no século XX, em que gradualmente se ampliou a liberdade, tanto para se falar a respeito da sexualidade, como para exercê-la mais às claras.

Com a divulgação das idéias de Freud durante todo este século, vem tomando corpo a concepção de que a sexualidade se manifesta no inicio da vida e acompanha o desenvolvimento do ser humano, do nascimento até a morte. Sendo amada, a criança aprende a amar, na troca da carícias, nos gestos protetores e nas palavras carinhosas de seus pais.

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