Para Sartre o ser para - outro é uma forma de conhecimento tanto do próprio ser como do outro, pois a existência do outro é o ser para outro, ou seja, o ser reconhece sua existência na existência do outro. Deste modo o ser para outro de Sartre é o mesmo que pensarmos em uma forma de espelho, pois sempre há uma vergonha que faz com que exista uma consciência subjetiva do ser e seja vista no outro e pelo outro. A presença do outro me permite compreender-me como para – si, que tem consciência de si mesmo, diferentemente do em – si, que é a coisa fechada em si mesma. Por isso, o outro é, pois, aquele que me vê é quem se torna mediador indispensável do eu consigo mesmo.
No texto, “Por que escrever? da obra O que é literatura” Sartre diz que o homem é o meio pelo qual as coisas se manifestam, pois é a presença do homem no mundo que cria a relação entre as coisas.
Segundo Sartre o objeto literário só existe porque há um sujeito que faz o uso da leitura, pois se manifesta diretamente na arte de escrever. O escritor não escreve em - si, pois a literatura não pode ser fechada em si mesma, por isso é escrita para o leitor, ou seja, o outro que apartir de sua consciência e de seus interesses cobrirá as lacunas do objeto literário. Para o escritor o objeto por ele criado esta fora de seu alcance, pois ele não escreve para si. Por isso, o leitor tem consciência de desvendar e ao mesmo tempo de criar, de desvendar criando, e de criar pelo desvendamento.
A literatura para Sartre é o mesmo que uma apelação ao leitor de desvendamento por meio da linguagem. Assim o escritor escreve para se dirigir à liberdade dos leitores, mas, não se limita a isso, pois o próprio leitor também transmite a liberdade ao escritor. Desta forma a leitura é um pacto entre o escritor e o leitor, pois um confia no outro e exige do outro da mesma forma que exige de si mesmo.
Sartre diz que escrever é o mesmo que desvendar o mundo, ou seja, desvendar o ser através da solidariedade do de outrem.
Poder escrever é de certa maneira uma forma de desejar a liberdade, ou seja, uma forma de expressar no outro suas idéias mais profundas. Desta forma pode-se dizer que é uma literatura democrática.
Portanto, podemos relacionar o ser para – outro como a própria literatura, por buscarem no outro sua existência. Sendo que a liberdade é o fato mais importante neste sentido de ter consciência de si mesmo através do outro. A dialética entre tais fatos torna o para – si uma forma concreta de explicar a existência do ser no outro, pois o outro é o espelho do ser que é livre para construir sua própria consciência de si próprio.
Muito boa nota sobre o ser para o outro. Me ajudou a compreender isso melhor.
ResponderExcluirProfessor Ricardo, eu gostei muito do que você falou sobre "o-ser-para-o-outro", mas será que você poderia colocar mais coisas a respeito deste assunto?
ResponderExcluirO que é literatura? de Sartre é um texto fabuloso. Causa ótimas reflexões.
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