quinta-feira, 5 de agosto de 2010

NIETZSCHE


O ideal ascético tem por característica a negação do mundo vivido, mundo este que se da por uma culpabilidade onde se encontra a noção do pecado. Assim Nietzsche vêm a determinar como sofrimento, algo que determina um outro mundo que, no entanto, é um mundo decadente, uma esperança na certeza de que existe um mundo melhorado e mais feliz após a vida. Pois assim Nietzsche se preocupa com os valores definidos pela história ascética. Uma valoração da crença de um julgamento final, julgamento este que determina a finalidade pós-vida tanto dos pecadores como aqueles que se submetem aos princípios ascéticos de bem e de boa vontade para consigo mesmo para que daí se tenha um bom lugar em sua pós-vida.

Portanto o asceticismo torna – se como um pesado fardo em que o homem carrega por toda vida, trazendo para si uma esperança após a vida e assim negando a vida em si e o seu devir.

A valorização da existência se da como sofrimento, ou seja, a partir do que essa dimensão representa para o homem em seu cotidiano, seja a partir da interpretação ascética do sofrimento e da busca da razão para o sofre na vida.

Portanto tal representação leva o homem a se perguntar o porque desta vida sofrida, vida esta, que se transforma em ódio, luta e destruição dela própria.

A consciência do pecado torna-se então uma manifestação da vontade de poder, vontade de uma vida melhor e mais segura após esta vivida. Para se chegar a tal compreensão é necessário saber o que o homem quer como resposta, resposta que identifique sua existência como sofrimento, encontrando assim o sentido do seu sofrer. Mas Nietzsche coloca a tona uma resposta, ou melhor, uma contraposição ao ideal ascético, dizendo que o sofrimento faz parte da própria existência, pois para Nietzsche a nossa morte deve ser encarada como a chegada da tarde, assim como uma recompensa. E a vida deve ser vivida como um grande meio-dia, ou seja, com a consciência de que a existência pode-se esvair na passagem para à tarde e não como um eterno sofrer.

O ideal trágico é o sentimento da fecundidade e da santidade da vida tal qual se apresenta naturalmente. No entanto o sofrimento, a tormenta, a destruição da própria vida é algo natural. Assim o trágico não pretende o sofrimento como nenhum fim e nem como uma esperança.

Portanto a visão trágica da existência vai se opor à cultura da busca do sentido do sofrimento. Pois a cultura ascética deixa transparecer que a existência humana pode ou deve ser outra vida, vida esta que o sofrimento deforma e causa a vontade de negação da própria existência ao querer uma outra melhorada num mundo ainda melhor. Assim o trágico concebe o sofrimento como uma passagem da própria vida em sua existência como devir, algo como um eterno retorno, que, portanto só termina com a morte. O homem mais criativo, exuberante, afirmador do mundo, é aquele que não só aprendeu a viver e a suportar o passado e o presente, mas que deseja tê-lo novamente.

Portanto, pode-se determinar a filosofia trágica Nietzschiana como uma nova concepção da realidade Ética da vida, ou seja, uma nova reflexão de um Ethos que se da por uma cultura ascética e dominadora da vida humana, algo que amordaça a voz pessoal do homem e que esta em uma constante destruição de sua posição critica de tentar entender a vida através de uma realidade dela própria como devir.

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