terça-feira, 3 de agosto de 2010

O adolescente e as influências do meio


A qualidade das relações e o ambiente marcam o desenvolvimento do ser humano desde o nascimento e influenciam sua busca de identidade. Conforme o tipo de ambiente, criam-se modelos de identificação, cada um a seu modo. Daí tantos jovens escolherem como ídolos os símbolos da violência, da autodestruição, do poderio econômico selvagem. Em contrapartida, também são cultuados os modelos de heroísmo e de beleza, bem como os ídolos do esporte, da ciências e da arte.

As experiências de afeto, que não excluem a raiva, o desapontamento e até mesmo o ciúmes, podem ser positivas se forem bem elaboradas, expressas com sinceridade e absorvidas como integrantes naturais da perigosa aventura de viver. O ambiente positivo não é uniformemente feliz. Mas é composto de respeito, compreensão e conciliação. Muito provavelmente será terreno fértil para o amor, a responsabilidade e a generosidade.

As experiências positivas, aliadas à liberdade e à reflexão, conduzem o amadurecimento pela trilha da autoconfiança, criando as condições interiores para o adolescente identificar-se , autodeterminar-se e viver sua sexualidade de maneira saudável, consciente e com prazer.
Já o ambiente negativo, de hostilidade, desprezo, falsidade ou indiferença, tende a produzir violência, frustração, vícios e melancolia. Nada é irreversível, nem sempre essa correlação é causal, nem irremediavelmente determina. Mas as estatísticas estão aí para nos alertar, com dados sobre a tragédia diária que se abate sobre a sociedade mundial, vitimando física ou moralmente a juventude de nossos dias.

A interferência contraproducentes, que muitas vezes a mídia exerce no desenvolvimento da criança e do adolescente, na maioria das vezes não recebe uma contrapartida da família e da escola. Quantitativamente, as informações obtidas por outros meios são muito mais freqüentes que a obtida dos pais e professores. Para quebrar esse monopólio, o desafio é ultrapassar qualitativamente as informações que vem, sem filtragem, dos meios de comunicação.

Mesmo quando têm acesso a aulas e material didático, contando com professores e pais para elucidar suas questões, os adolescentes em geral têm como referência preferencial os outros adolescentes, que vivem as mesmas angústias, experiências e emoções. O conhecimento que os amigos detêm exerce influência imediata sobre seu comportamento.

Em conseqüência, é fundamental provocar a reflexão em grupo sobre a sexualidade do adolescente, já que sua conduta se multiplica para os que estão à sua volta. A intervenção educacional é útil quando contribui para a formação de grupos com posturas responsáveis.

Não basta evitar problemas relacionados à desinformação e às situações de risco na vida particular de cada jovem. O importante é incentiva-lo a desenvolver projetos pessoais e coletivos de exercício da cidadania, participado da construção de uma sociedade mais saudável e consciente.

Essa intervenção estimuladora pode representar a necessária “mudança de paradigma sobre a maneira de a sociedade ver o jovem, deslocando sua visão do adolescente como problema para identificá-lo como fonte de solução” *.

* COSTA, Antônio Carlos Gomes da. Protagonismo juvenil. No prelo.

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