sábado, 17 de julho de 2010

O SURGIMENTO DA RAZÃO NO MUNDO GREGO

Grécia: democracia e filosofia (esquema)

Entre os séculos VII e V a.C. – esforço para a construção de uma sociedade mais justa e a busca de um processo de pensamento racional, livre de preconceitos e que supere o mito.

Desse processo nascem, de um lado, a democracia e, de outro, a filosofia.

DEMOCRACIA GREGA (principalmente a de Atenas) é resultado de sucessivas lutas:

1 – entre os ricos comerciantes sem acesso ao poder e a aristocracia hereditária que o monopoliza:

2 – em seguida, entre essas duas camadas que já compartilham o poder e as classes mais pobres.

Assim sendo, a democracia representa um frágil e tenso equilíbrio entre as várias camadas sociais que, apesar das divergências que as separam, adquirem todas o direito de participação política.

Elementos Fundamentais do Pensamento Racional Surgido com os Pré-Socráticos:

1 – O que é essa natureza que apresenta tantas variações e mudanças? Ela possui uma ordem ou é um caos? (cosmos ou caos?) Em suma: o que é a physis?

Physis: o termo grego physis pode ser traduzido por “natureza”. Mas o seu significado vai além: é também realidade, não aquela pronta e acabada, mas que se encontra em movimento e transformação, que nasce e se desenvolve. Nesse sentido, a palavra significa “gênese”, “origem”, “manifestação”.

2 – A pergunta sobre o que é a “physis” é uma pergunta sobre a origem de todas as coisas que constituem a realidade que se manifesta no movimento. Ela procura saber se há um princípio único que governe, dirija e ordene todas as coisas do mundo, em seus diversos e até contraditórios aspectos.

3 – “arkhé” seria principio de todas as coisas, que também significa “comando”.

4 – Os gregos não pensavam como os hebreus que o mundo tivesse sido criado do “nada”. Os primeiros filósofos partiam do fato de que sempre existiu “alguma coisa”, que foi dando origem a outras, assim como o caos é ordenado em cosmos.

5 – Essa alguma coisa era o arkhé, a substância básica que estaria por trás de todas as transformações, da qual todas as coisas se originariam e à qual retornariam.

6 – O mais importante no estudo desses filósofos, não é a resposta que eles encontraram, mas a forma como eles pensaram, tentando entender a natureza sem recorrer aos mitos. Nesse aspecto, é interessante ver como Anaximandro evoluiu em termos de abstração com relação a Tales.

OS PRIMEIROS FILÓSOFOS

(extraído de: ABRÃO, Bernadette Siqueira. História da Filosofia. São Paulo: Nova Cultural, p. 24 a 27)

A noite segue o dia. As estações do ano sucedem-­se uma à outra. As plantas e os animais nascem, cres­cem e morrem. Diante desse espetáculo cotidiano da natureza, o homem manifesta sentimentos variados - medo, resignação, incompreensão, espanto e perplexida­de. E são precisamente esses sentimentos que acabam por levá-lo à filosofia. O espanto inicial traduz-se em perguntas intrigantes: o que é essa natureza, que apre­senta tantas variações? Ela possui uma ordem ou é um caos sem nexo? Em suma: o que é a physis?

A palavra grega physis pode ser traduzida por natureza. Mas seu significado é mais amplo. Refere-se também à realidade, não aquela pronta e acabada, mas a que se encontra em movimento e transformação, a que nasce e se desenvolve. Nesse sentido, a palavra significa gênese, origem, manifestação. Saber o que é a physis, assim, levanta a questão da origem de todas as coisas que constituem a realidade, que se manifesta no movimento. Procura saber se há um princípio único (arkhé, que também quer dizer "comando") que dirija e ordene todas as coisas do mundo, em seus diversos e contraditórios aspectos. É desses temas que vão se ocu­par os primeiros filósofos.

Pouco se sabe a respeito dos pioneiros do pensa­mento ocidental. De seus textos restaram apenas frag­mentos. Suas idéias chegaram a nós por intermédio das versões apresentadas pelos pensadores que vieram de­pois, e que os apresentam como "primeiros filósofos". Não fosse isso, eles talvez ficassem conhecidos como escritores com pretensões vagamente científicas, com suas investigações peculiares sobre a natureza.

Esses pioneiros surgiram na Jônia, colônia fundada na costa asiática da Grécia por antigos Micênios, que ali se refugiaram das invasões dóricas. Enquanto a maior parte dos gregos mergulhava na "idade das trevas" (Guerras sem fim), os jônios desenvolveram intensas atividades arte­sanais e comerciais, que favoreceriam o surgimento de novos valores sociais, baseados menos na tradição, mais na iniciativa dos indivíduos. A vida cultural floresceu, e disso a obra de Homero é testemunha. A astronomia e a matemática desenvolveram-se, sob a influência de contatos com os povos do Oriente. Em meio a esse fervilhar, a cidade de Mileto foi se impondo como principal centro da Jônia.

Tales, Anaximandro e Anaxímenes - que recebe­ram o nome de pré-socráticos por terem surgido antes de Sócrates, o grande marco da filosofia ocidental, os primeiros filósofos, formam a chamada Escola de Mile­to. Apesar das diferentes idéias que elaboraram, une-os o fato de ter inaugurado a filosofia com a mesma pergunta: o que é a physis? Esses primeiros filósofos são os “filósofos da physis”.

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