Tales: tudo começa na água
Tales, nascido em Mileto, é considerado, pela tradição clássica, o primeiro filósofo. Viveu provavelmente entre o final do século VII e meados do século VI a.C. Matemático e astrônomo, previu o eclipse do Sol de 585 a .C. Diz-se que, distraído, teria caído num poço quando contemplava os astros. Mas comenta-se, também, que foi um hábil negociante, e que prosperou muito por causa da astúcia.
De seu pensamento só ficaram interpretações formuladas por outros filósofos, que lhe atribuíram uma idéia básica: a de que tudo se origina da água. A “physis”, então, teria como único princípio esse elemento natural, presente em tudo.
Segundo Tales, a água, ao se resfriar, torna-se densa e dá origem há terra; ao se aquecer transforma-se em vapor e ar, que retornam como chuva quando novamente esfriados. Desse ciclo (vapor, chuva, rio, mar, terra) nascem as diversas formas de vida, vegetal, mineral e animal.
Não há dúvida de que esse pensamento logo esbarra
Essa dificuldade não é exclusiva de Tales; é da própria filosofia, que se desenvolve tentando resolvê-la. Se Tales aparece como o iniciador da filosofia, é porque seu esforço em buscar o princípio único da explicação do mundo não só constituiu o ideal mesmo da filosofia como também forneceu-lhe o impulso para desenvolver-se.
Anaximandro: indeterminado e eterno
Anaxímenes: o ar comanda a vida
Heráclito: tudo é um
Essa oposição, esse combate, é uma guerra, e não, como pretendia Anaximandro, o equilíbrio de forças iguais. Tampouco é a harmonia dos contrários assegurada, como no entender dos pitagóricos, pela justa medida imposta por um ente supremo. Para Heráclito, a harmonia nasce da própria oposição: "O divergente consigo mesmo concorda; harmonia de tensões contrárias, como de arco e lira".
A divergência e a contradição não só produzem a unidade do mundo, mas também, a sua transformação. O mundo é um eterno fluir, como um rio; “e é impossível banhar-se duas vezes na mesma água”. Fluxo contínuo de mudanças, o mundo é como um fogo eterno, sempre vivo, e "nenhum deus, nenhum homem o fez". Mas só se compreende isso quando, ao deixar de lado a "falsa sabedoria" ditada pelos sentidos e pelas opiniões, chega-se ao logos, isto é, ao pensamento “sensato”. É o raciocínio adequado que abre as portas para o entendimento do princípio de todas as coisas. "Não de mim, mas do logos tendo ouvido é sábio homologar tudo é um", diz um dos seus aforismos.
Parmênides: o ser e as ilusões
Se só o ser existe, o ser deve sempre existir. Deve ser único, imóvel, imutável, sem variações, eterno. Mas o que seriam então as constantes mudanças, as contradições e os aspectos diferentes que o mundo apresenta? São ilusões, responde Parmênides; meras aparências produzidas por opiniões enganadoras, não pelo conhecimento do verdadeiro ser.
Esse pensamento inaugura a metafísica (por não se contentar com a aparência das coisas e buscar-lhes a essência) e a lógica (o princípio da não-contradição existente no ser, que é, e no não-ser, que não é). Para Parmênides, o mundo dos sentidos, por estar condicionado às variações dos fenômenos observados e das sensações, dá origem a incertezas e a opiniões diversas. Por isso, o conhecimento não pode ser alcançado por esse caminho, e sim pela certeza que a razão produz por meios lógicos e dedutivos.
Leucipo e Demócrito: o átomo como princípio
E nesse sentido, equivale ao ser de Parmênides. Mas não é único. Os átomos existem em número infinito. A conseqüência disso é que entre um átomo e outro existe um algo: um vazio, um nada, um não-ser, repudiado por Parmênides. É nesse vazio que os átomos se movem. Em seu entre choque produzem diversas combinações, e daí resulta a pluralidade das coisas: o mundo em movimento.
O nascimento, assim, não passa de um agregado de átomos, enquanto a morte é apenas a destruição desse agrupamento. Nos dois casos, cada átomo permanece intacto e imutável. Eles se diferenciam, porém, numa série de aspectos, como tamanho, forma, posição. Há átomos grandes e pequenos, redondos e angulosos, em pé ou de lado. Suas combinações também variam: os átomos A e N, por exemplo, podem se reunir como AN ou NA. Essas diferenças tornam-se mais claras num dos fragmentos deixados pelos atomistas: "O sabor amargo é produzido por átomos pequenos, lisos e redondos, cuja atual circunferência é sinuosa, e por isso é viscosa e pegajosa. O sabor ácido é causado por átomos grandes, não-redondos e, às vezes, até angulosos".
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